terça-feira, 27 de julho de 2010

Revista Bovespa Entrevista

Quem visita a Bovespa e procura os caixas eletrônicos do subsolo tem duas surpresas. A primeira é ver o majestoso cofre da instituição – cujas portas têm mais de meio metro de espessura, 2,55 m de altura e 1,60 m de largura, três segredos e uma grade espessa – que é o sucessor dos cofres antigos que ficavam na Praça Antônio Prado e nas Ruas 3 de Dezembro e Álvares Penteado.
A segunda surpresa é dar de frente com a museóloga Denise Lorch trabalhando dentro do cofre, que fica aberto nas horas de expediente. “As pessoas inevitavelmente perguntam se a porta vai bater e o que faz uma mulher ali dentro.” Denise já se acostumou às ironias. Alguns imaginam que ela trabalha num local pequeno e abafado. Não sabem que o cofre tem espaços generosos onde apenas telefones celulares não funcionam, pois é blindados.
De tão grande, o cofre foi dividido em três partes, uma para os clientes da Bolsa, outra para a CBLC e a terceira para o Centro de Memória Bovespa. As antiguidades do Centro de Memória da Bovespa estão guardadas no cofre blindado onde celulares não funcionam O Centro de Memória ocupa 30 m2 e é reservado à guarda de antiguidades. São riquezas incontáveis.Cada objeto guarda mais do que uma única história. O acervo tem 22 mil peças.Há 18 mil fotografias, 450 vídeos, 53 depoimentos de funcionários, corretores e diretores, 300 caixas com documentos importantes e 270 peças variadas. Lá estão a coleção de baixelas doadas por instituições congêneres de todo o mundo, telefones antigos, uma cadeira de corretor e peças de artes plásticas, como telas, esculturas e aquarelas adquiridas pela Bolsa em 113 anos de vida.
Nos 60 m2 restantes, o cofre presta o serviço original – o de guarda e custódia de títulos. Suas duas portas permanecem lacradas, salvo para consulta, retirada ou guarda de documentos – e os segredos estão intactos.
Uma parte é alugada a clientes da Bovespa que nela guardam suas relíquias. A outra parte é mantida pela CBLC e sua história confunde-se com a de prestação de serviços de custódia, iniciada em 1974. “Antes disso, a quantidade de papéis não era considerável”, conta Oscar Suher, na Bolsa há 32 anos.
Foi nos anos 80 que a custódia se expandiu. Além das 800 mil obrigações da Eletrobrás guardadas em nome da Caixa Econômica Federal (CEF), houve um enorme crescimento dos serviços com a chegada da custódia fungível de títulos ao portador. “Houve um aumento astronômico na quantidade de títulos”, diz Suher. “Em 1985, por exemplo, o volume chegou a 2 milhões, grande parte dos quais emitida pela Petrobrás e pelo Banco do Brasil.” O cofre funcionava, na época, em três turnos, durante 24 horas, de segunda a sexta-feira.
A partir de 1990, iniciou-se uma nova fase, com a custódia fungível de ações nominativas, pois a legislação proibiu a existência de títulos ao portador. Os velhos cofres começaram a ser esvaziados e há dez anos a guarda de títulos passou a ser feita apenas no prédio da Rua 15 de Novembro. Suher gosta mais do cofre de hoje: “Nenhum dos cofres foi tão imponente e bonito como o atual. Sua aparência atrai e desperta o interesse de todos”. O cofre não guarda mais títulos, com exceção daqueles que pertencem a clientes e que não são cotados em bolsa.

Retirado do site:
http://www.bmfbovespa.com.br/InstSites/RevistaBovespa/88/HistoriaBolsa.shtml
Histórias de Bolsa /O cofre das relíquias